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app de bingo,Curta a Diversão dos Jogos de Cartas Online em HD com a Hostess Bonita, Mergulhando em Partidas Cheias de Emoção e Ação Que Irão Testar Suas Habilidades..Na madrugada o telefone me desperta, a voz em lágrimas de Stela de Oxóssi, minha irmã-de-santo, quase não pode falar: - Meu irmão, nossa mãe morreu... O enterro da ialorixá saiu da Igreja de Nossa Senhora dos Negros, no Largo do Pelourinho, praça ilustre e sofrida, chão de pedras regadas pelo sangue dos escravos ali sujeitos ao tronco e ao pelourinho. O corpo da mãe-de-santo ficou exposto na tarde de um domingo de sol e de tristeza. A notícia ia sendo propagada de boca em boca, pois a morte sucedera após os jornais. O impacto retirava gente das praias, das diversões, do descanso dominical. De todas as encruzilhadas surgiam pessoas atônitas e apressadas; no átrio da igreja toda azul se misturavam homens e mulheres das mais diversas condições sociais no mesmo espanto doloroso. A notícia ia devorando o domingo da cidade, a calma e a trêfega alegria. Nas ondas do rádio, brutal comunicado substituía a música habitual: "Faleceu dona Maria Bibiana do Espírito Santo, mãe Senhora, mãe-de-santo do Axé Opô Afonjá, a mais famosa da Bahia". Para muitos parecia impossível acreditar na notícia. Tão forte ainda, aparentemente tão sadia, com sua presença, sua força de comando, sua intimidade mágica com os orixás, ainda na véspera Senhora cantara para Xangô e dirigia as obrigações do candomblé. No átrio da igreja, amigos trocam cumprimentos e interjeições de incredulidade. Surgem hipóteses: - Só se foi ebó... Feitiço, coisa-feita... Uma pessoa do axé, grave e informada, esclarece: - Foi doença de médico... Xangô já falou e disse... Lágrimas em muitos olhos, filhas de santo desamparadas, os órfãos de mãe Senhora contam-se às dezenas, sua morte atinge a cidade inteira. Pela ladeira, o tráfego aumenta a cada instante, sobe e desce gente em busca da igreja. Nessa mesma Igreja do Rosário dos Negros foi velado o corpo de mãe Aninha, fundadora do Axé do Opô Afonjá, mãe-de-santo de Senhora. Senhora fez santo aos nove anos de idade e foi Aninha quem lhe raspou a cabeça e a consagrou a Oxum. Quando Aninha morreu, em 1938, deixara Senhora preparada para sucedê-la na direção do grande candomblé. Mas outras filhas de santo também desejavam o posto e uma guerra-de-santo se desencadeou durante anos e anos até que a confirmação de Senhora fosse assunto pacífico e que sua personalidade se impusesse numa presença respeitada por todos. Jamais uma ialorixá foi tão poderosa e reinou com poder tão absoluto no mundo complexo e mágico do candomblé da Bahia quanto mãe Senhora. Altas honrarias lhe foram concedidas, e seu poder atingia distâncias e alturas de espantar. Na fímbria da cidade da Bahia, ela se levantava sobre a vida e a morte, sobre a alegria e a tristeza, sobre o ódio e o amor. Sua sucessão trará outra guerra-de-santo? Quem vai tomar o posto no trono de mistérios, quem a sucederá na guarda do segredo? Os cochichos começam no átrio da igreja. Lá dentro o corpo de ialorixá recolhe lágrimas e pranto, palavras de saudade e de inconformado desespero. De quando em vez um soluço se eleva. Os altares estão povoados de orixás e as águas das fontes e dos rios de Oxum rolam pela praça, descem as ladeiras, precipitam-se no Pelourinho. - Quem irá para o seu lugar? Quem? - Quem vai dizer é Xangô, quando o jogo for feito... Mãe Senhora morreu de manhãzinha, na véspera cumprira obrigação de santo até tarde, noite adentro. A morte a alcançou na hora do primeiro sol e seu corpo ocupou, imenso, a casa de Oxalá. A notícia desceu para a cidade: obás, ogãs, filhos e filhas-de-santo dirigiram-se para os caminhos de São Gonçalo, onde se ergue o terreiro. A cidade foi tomada de surpresa e comoção, um impacto violento. Na vida dessa cidade da Bahia, que não se parece com nenhuma outra, a ialorixá Senhora era uma figura das mais importantes, guardiã de tradições e de rituais que resistiram a todas as perseguições, que superaram a desgraça da escravidão, que trouxeram os bens da dança e do canto até os dias de hoje. No complexo cultural baiano (e brasileiro, pois a Bahia é a matriz inicial e fundamental), o povo tem o primeiro lugar, o papel definitivo. Quem presidiu as obrigações do axexê, das cerimônias fúnebres, foi outra famosa mãe-de-santo: a ialorixá Menininha do Gantois, irmã-de-santo da falecida e sua grande amiga. Veio de seu terreiro do Gantois, de onde quase nunca sai, para as pesadas tarefas de egum. Nenhuma outra mãe-de-santo poderia fazê-lo devido à qualidade da falecida e à sua importância. Numa sutil hierarquia que não é imposta por nenhum decreto, Senhora está praticamente acima das demais, só Menininha era sua igual no conhecimento e na experiência. Das três grandes ialorixás dos últimos tempos, agora resta apenas mãe Menininha do Gantois. A primeira a falecer foi tia Massi, do Engenho Velho, veneranda figura centenária. Cumprira os cento e três anos quando morreu. Dançou para seus orixás até os últimos dias. Agora, numa cerimônia de acesso permitido apenas a alguns iniciados, Menininha cumpre as primeiras obrigações do axexê de Senhora, sua irmã-de-santo, antes que o corpo seja levado para a igreja católica. Mais uma vez, se interpenetram cultos e rituais, de culturas, de religiões, de cores, nossa originalidade. Importante mãe-de-santo, Senhora era igualmente importante membro de confrarias católicas. Da igreja superlotada sai o enterro às cinco horas da tarde. O acompanhamento é grande e grandioso: gente das seitas afro-brasileiras, muitos intelectuais amigos de Senhora, alguns com postos importantes no axé, como o tapeceiro Genaro de Carvalho, a face cortada de tristeza. O poeta Hélio Simões vai a seu lado. O carro funerário, os automóveis e os ônibus dirigem-se ao Cemitério das Quintas, onde, em terras de sua confraria católica, Senhora tem direito a jazigo perpétuo. O cemitério fica no alto de uma colina, mas o carro funerário, os automóveis e os ônibus não sobem a ladeira, como fazem habitualmente, em qualquer outro enterro. Desta vez, a morta e os acompanhantes desembarcam ao sopé da ladeira. Obás e ogãs, alguns dobrados ao peso da idade, velhos tios de cansada história, tomam do caixão e três vezes o suspendem, três vezes o baixam no início do ritual do enterro nagô. A voz do pai-de-santo Nezinho se eleva sobre a rua no canto fúnebre em língua ioruba. O enterro segue: três passos em frente, dois atrás, passos de dança ao som do cântico sagrado, o caixão suspenso nos ombros dos obás. As janelas estão cheias, vem gente correndo para ver o espetáculo único. Enterro igual a esse não existe. Mãe Senhora preside sua última festa - transportada por seus obás. A dança enche a rua, dançam todos ao som das cantigas de despedida. Os obás e os ogãs, de costas, entram com o caixão no cemitério. Ao lado do jazigo, em meio às flores e ao pranto, as derradeiras cantigas, quase como uma frase de amor, uma conversa de mãe e filhos, canto mais terno e doloroso. "Somos os últimos a ver essas coisas", diz o poeta Hélio Simões. Os atabaques estão silenciosos, todos se vestem de branco, que é a cor de luto, morreu a ialorixá mais famosa da Bahia. Era uma pessoa sábia, sábia da sabedoria de uma vida inteira, ilustre da grandeza do povo. Foi enterrada no ritmo do canto, em passo de dança, bens do povo que ela ajudou a defender e a conservar.",Os dialetos do alto-alemão, falados por comunidades germânicas nos antigos países da União Soviética e pelos judeus asquenazes, têm várias características únicas e são geralmente considerados uma língua separada: o iídiche..
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A notícia ia devorando o domingo da cidade, a calma e a trêfega alegria. Nas ondas do rádio, brutal comunicado substituía a música habitual: "Faleceu dona Maria Bibiana do Espírito Santo, mãe Senhora, mãe-de-santo do Axé Opô Afonjá, a mais famosa da Bahia". Para muitos parecia impossível acreditar na notícia. Tão forte ainda, aparentemente tão sadia, com sua presença, sua força de comando, sua intimidade mágica com os orixás, ainda na véspera Senhora cantara para Xangô e dirigia as obrigações do candomblé. No átrio da igreja, amigos trocam cumprimentos e interjeições de incredulidade. Surgem hipóteses: - Só se foi ebó... Feitiço, coisa-feita... Uma pessoa do axé, grave e informada, esclarece: - Foi doença de médico... Xangô já falou e disse... Lágrimas em muitos olhos, filhas de santo desamparadas, os órfãos de mãe Senhora contam-se às dezenas, sua morte atinge a cidade inteira. Pela ladeira, o tráfego aumenta a cada instante, sobe e desce gente em busca da igreja. Nessa mesma Igreja do Rosário dos Negros foi velado o corpo de mãe Aninha, fundadora do Axé do Opô Afonjá, mãe-de-santo de Senhora. Senhora fez santo aos nove anos de idade e foi Aninha quem lhe raspou a cabeça e a consagrou a Oxum. Quando Aninha morreu, em 1938, deixara Senhora preparada para sucedê-la na direção do grande candomblé. Mas outras filhas de santo também desejavam o posto e uma guerra-de-santo se desencadeou durante anos e anos até que a confirmação de Senhora fosse assunto pacífico e que sua personalidade se impusesse numa presença respeitada por todos. Jamais uma ialorixá foi tão poderosa e reinou com poder tão absoluto no mundo complexo e mágico do candomblé da Bahia quanto mãe Senhora. Altas honrarias lhe foram concedidas, e seu poder atingia distâncias e alturas de espantar. Na fímbria da cidade da Bahia, ela se levantava sobre a vida e a morte, sobre a alegria e a tristeza, sobre o ódio e o amor. Sua sucessão trará outra guerra-de-santo? Quem vai tomar o posto no trono de mistérios, quem a sucederá na guarda do segredo? Os cochichos começam no átrio da igreja. Lá dentro o corpo de ialorixá recolhe lágrimas e pranto, palavras de saudade e de inconformado desespero. De quando em vez um soluço se eleva. Os altares estão povoados de orixás e as águas das fontes e dos rios de Oxum rolam pela praça, descem as ladeiras, precipitam-se no Pelourinho. - Quem irá para o seu lugar? Quem? - Quem vai dizer é Xangô, quando o jogo for feito... Mãe Senhora morreu de manhãzinha, na véspera cumprira obrigação de santo até tarde, noite adentro. A morte a alcançou na hora do primeiro sol e seu corpo ocupou, imenso, a casa de Oxalá. A notícia desceu para a cidade: obás, ogãs, filhos e filhas-de-santo dirigiram-se para os caminhos de São Gonçalo, onde se ergue o terreiro. A cidade foi tomada de surpresa e comoção, um impacto violento. Na vida dessa cidade da Bahia, que não se parece com nenhuma outra, a ialorixá Senhora era uma figura das mais importantes, guardiã de tradições e de rituais que resistiram a todas as perseguições, que superaram a desgraça da escravidão, que trouxeram os bens da dança e do canto até os dias de hoje. No complexo cultural baiano (e brasileiro, pois a Bahia é a matriz inicial e fundamental), o povo tem o primeiro lugar, o papel definitivo. Quem presidiu as obrigações do axexê, das cerimônias fúnebres, foi outra famosa mãe-de-santo: a ialorixá Menininha do Gantois, irmã-de-santo da falecida e sua grande amiga. Veio de seu terreiro do Gantois, de onde quase nunca sai, para as pesadas tarefas de egum. Nenhuma outra mãe-de-santo poderia fazê-lo devido à qualidade da falecida e à sua importância. Numa sutil hierarquia que não é imposta por nenhum decreto, Senhora está praticamente acima das demais, só Menininha era sua igual no conhecimento e na experiência. 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O carro funerário, os automóveis e os ônibus dirigem-se ao Cemitério das Quintas, onde, em terras de sua confraria católica, Senhora tem direito a jazigo perpétuo. O cemitério fica no alto de uma colina, mas o carro funerário, os automóveis e os ônibus não sobem a ladeira, como fazem habitualmente, em qualquer outro enterro. Desta vez, a morta e os acompanhantes desembarcam ao sopé da ladeira. Obás e ogãs, alguns dobrados ao peso da idade, velhos tios de cansada história, tomam do caixão e três vezes o suspendem, três vezes o baixam no início do ritual do enterro nagô. A voz do pai-de-santo Nezinho se eleva sobre a rua no canto fúnebre em língua ioruba. O enterro segue: três passos em frente, dois atrás, passos de dança ao som do cântico sagrado, o caixão suspenso nos ombros dos obás. As janelas estão cheias, vem gente correndo para ver o espetáculo único. Enterro igual a esse não existe. Mãe Senhora preside sua última festa - transportada por seus obás. A dança enche a rua, dançam todos ao som das cantigas de despedida. Os obás e os ogãs, de costas, entram com o caixão no cemitério. Ao lado do jazigo, em meio às flores e ao pranto, as derradeiras cantigas, quase como uma frase de amor, uma conversa de mãe e filhos, canto mais terno e doloroso. "Somos os últimos a ver essas coisas", diz o poeta Hélio Simões. Os atabaques estão silenciosos, todos se vestem de branco, que é a cor de luto, morreu a ialorixá mais famosa da Bahia. Era uma pessoa sábia, sábia da sabedoria de uma vida inteira, ilustre da grandeza do povo. Foi enterrada no ritmo do canto, em passo de dança, bens do povo que ela ajudou a defender e a conservar.",Os dialetos do alto-alemão, falados por comunidades germânicas nos antigos países da União Soviética e pelos judeus asquenazes, têm várias características únicas e são geralmente considerados uma língua separada: o iídiche..